O tumor de córtex adrenal (TCA) é um tipo de câncer com alta incidência entre crianças de até três anos de idade e que atinge a glândula adrenal, localizada sobre cada rim. Quando é diagnosticado precocemente e o tratamento é feito de forma adequada, a doença tem quase 100% de cura, alcançada quase exclusivamente com a retirada do tumor ainda pequeno.
Embora seja raro no restante do Brasil e no exterior, a incidência da doença é maior na região Sul e em parte do Sudeste. Somente no Paraná, a sua frequência é cerca de 15 a 18 vezes maior do que em outros países.
Uma mutação (R337H) do gene TP53 é o principal responsável pelo desenvolvimento do TCA. Assim, a identificação da alteração genética feita em recém-nascidos permite um acompanhamento clínico e laboratorial adequado para a detecção do tumor em um estágio em que seja possível a sua retirada.
Em uma ação pioneira, o Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe iniciou em 2005, pela primeira vez no mundo, uma campanha para a realização de um teste de DNA em grande escala. Quando o resultado foi positivo para a mutação, as crianças passaram a receber atendimento ambulatorial adequado e suas famílias tiveram aconselhamento genético e orientação para acompanhamento com especialistas. Agora, esses benefícios estão sendo expandidos neste projeto, o que representa mais chances de cura e vida para milhares de pequenos pacientes.
PASSO A PASSO PARA A REALIZAÇÃO DO TESTE
1- Convite: a mãe do recém-nascido é convidada a participar da pesquisa e, ao aceitar, deve assinar um termo de consentimento, autorizando a coleta do sangue neonatal;
2- Coleta de sangue: após a autorização da participação na iniciativa, a maternidade, a unidade básica de saúde ou o posto de coleta retira as gotas de sangue no mesmo momento da realização do Teste do Pezinho previsto em lei;
3- Realização do teste: o exame para a detecção da alteração genética “PCR para identificação da mutação R337H no gene TP53” é feito gratuitamente por uma equipe do Instituto de Pesquisa, por meio do projeto;
4- Envio de resultado: quando há resultado positivo na análise da primeira gota de sangue, a equipe de profissionais do Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe solicita autorização para retirada de nova amostra para confirmação do laudo. O resultado positivo é informado diretamente ao responsável pelo recém-nascido e os resultados negativos enviados à unidade onde ocorreu a coleta;
5- Acompanhamento: as famílias dos recém-nascidos que têm o teste positivo recebem a visita de uma equipe do Pequeno Príncipe em sua cidade para aconselhamento genético, têm acompanhamento rotineiro para identificação de sintomas do TCA e recebem encaminhamento para serviço de saúde em caso de necessidade de tratamento de saúde.
TCA EM NÚMEROS
– 1 a cada 370 crianças nascidas vivas no Paraná apresenta a mutação;
– 1 em cada 33 crianças que possuem a mutação desenvolve o tumor de córtex adrenal;
– 35% maior é a chance das pessoas que têm a mutação desenvolverem outros tipos de câncer até chegar aos 70 anos;
– Quase 100% é a chance de cura do TCA se for diagnosticado precocemente;
– 84 mil exames serão realizados neste projeto para identificar a mutação que predispõe a esse tipo de câncer pediátrico.