“Saber que nosso filho tem a mutação faz com que fiquemos mais atentos aos sinais e sintomas do TCA”, afirmam pais
Quando Davi de Lima Panno nasceu, seus pais aceitaram participar do projeto 150 Mil Chances de Vida, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisa Pelé Pequeno Príncipe. A coleta das duas gotas de sangue foi feita em Cascavel, cidade localizada na região Oeste do Paraná. Passados três meses, a família recebeu o resultado do exame feito na sede do Instituto, em Curitiba: o garoto é portador de uma mutação (R337H) do gene TP53, principal responsável pelo desenvolvimento de um tipo de câncer predominantemente pediátrico, o tumor de córtex adrenal (TCA).
A partir desse momento, o garoto passou a receber acompanhamento da equipe do Pequeno Príncipe, bem como seus familiares. “Nós fomos a Curitiba para entender melhor o que é essa mutação, o que poderia acontecer com meu filho, se ele já tinha uma doença. Ou se simplesmente tinha uma mutação”, conta a mãe de Davi, Tassia de Lima Panno. “O diagnóstico foi importante porque passamos a ficar mais atentos aos sinais e sintomas, e se ele vier a desenvolver algo, terá um tratamento precoce”, completa.
Tassia e Aleandro Jean Panno, pai de Davi, também explicam que eles próprios têm recebido acompanhamento da equipe do Instituto de Pesquisa. “Na primeira ida a Curitiba, foi repetido um exame de sangue do meu filho e pediram se poderiam realizar conosco também. Então, aceitamos fazer. Foi aí que descobrimos que eu também sou portadora da mesma mutação do Davi”, diz Tassia.
Regressão do tumor
Aos quatro meses de vida, Davi foi submetido a um exame de ultrassom, que teve um resultado normal. Além disso, foi repetido um teste hormonal, no qual foram verificadas várias alterações. “Para constatar, ter uma certeza, fizemos mais um ultrassom e uma ressonância, e nos dois exames não deu nada alterado. Repetimos o teste de sangue e o nível hormonal já tinha baixado bastante. Então, o médico chegou à conclusão de que houve uma regressão do tumor”, afirma Tassia.
Saiba mais sobre o TCA
O tumor de córtex adrenal tem alta incidência em crianças de até três anos de idade e atinge a glândula adrenal, localizada sobre cada rim. Quando é diagnosticado precocemente e o tratamento é feito de forma adequada, a doença tem cerca de 100% de chance de cura, que é alcançada quase exclusivamente com a retirada do tumor ainda pequeno.
Embora seja raro no restante do Brasil e no exterior, a incidência da doença é maior na região Sul e em parte do Sudeste. Somente no Paraná, sua frequência é cerca de 15 a 18 vezes maior do que em outros países. A mutação R337H do gene TP53 predispõe ao desenvolvimento do TCA. Assim, a identificação dessa alteração genética feita em recém-nascidos – como é realizado no projeto 150 Mil Chances de Vida – permite um acompanhamento clínico e laboratorial adequado para a detecção do tumor em um estágio em que seja possível a sua retirada.